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MEDUSA

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  A importunação sexual foi tipificada como crime no Brasil, a lei entrou em vigor em 2018 e diz em singelas palavras: “praticar ato libidinoso (de caráter sexual), na presença de alguém, sem sua autorização e com a intenção de satisfazer lascívia próprio ou de outra pessoa.” A lei também assegura que a pena prevista para esse tipo de crime é de 1 a 5 anos de reclusão. Infelizmente, as situações de importunação sexual são muito comuns no cotidiano das mulheres, afinal, quem nunca foi ou conhece alguém que já sofreu esse tipo de violência? Seja com um “psiu”, convites do tipo: “entra aqui no meu carro rapidinho”, ou até mesmo perguntas sobre quanto custa o “programa” (como já aconteceu comigo no meu trajeto para o trabalho). Segundo uma pesquisa divulgada pela CBN, desde a criação da lei contra a importunação sexual, foram registrados mais de 78 mil casos, sem levar em consideração as mulheres que não denunciam prevendo a impunidade. É evidente que os dados são alarmantes, mas são p

UM MONTE DE COISAS

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  “Encontro as vezes na confusão das minhas gavetas, papéis escritos por mim há dez anos, há quinze anos, há mais anos talvez. E muitos deles me parecem de um estranho, desreconheço-me neles.”                                                                                                                                (Fernando Pessoa)   Fernando Pessoa tinha tantas pessoas dele mesmo que dá uma certa inveja da genialidade de alguém que escreve diferentes nuances de si mesmo. Eu, uma mortal sobrevivente do século XXI luto para reconhecer uma mísera parte de mim mesma após anos na rehab, tive uma fase apocalíptica vivendo a base de ansiolíticos e antidepressivos. Apesar de ter pouca idade, sofro de um punhado de decepções que se acumulam como um ateroma na aorta. Imigrante na sazonalidade, fingi que ia escrever todo dia sobre a minha trajetória, acontecimentos, desabafos e expor tantas outras coisas como se eu falasse com uma pessoa real. Não sou Anne Frank, mas concordo com a me

JOANA D'arc

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  “Joana, a tua função foi agir e sofrer, e tu sabias do teu destino desde a primeira hora. A vida, tal como disseste, é curta, enquanto o sono dos mortos é muito longo!” Imagine uma mulher no período da idade média que ouvia vozes e se vestiu de homem para lutar batalhas em prol do seu próprio país... escrevendo assim, parece o início de uma história épica aos olhos atuais, entretanto, no auge do século XV, Joana foi julgada como uma verdadeira bruxa e queimada viva pela santa inquisição da igreja católica, e não ironicamente, séculos depois, a mesma heroína de que vos falo foi canonizada uma santa da igreja católica, sim, a mesma que a queimou séculos antes. Joana não foi perdoada pela sua religiosidade e senso de patriotismo, ao arriscar sua vida lutando contra os ingleses... independente do motivo, as mulheres sempre foram alvos preferenciais da violência patriarcal. Joana foi queimada em 1431, por bruxaria! Apesar de não ter feito mal a ninguém, exceto aos inimigos da sua próp

O GRITO

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  A voz... Fazendo uma pesquisa primária no googloráculo a voz “ é uma das ferramentas primárias e mais imediata que o ser humano dispõe para interagir com a sociedade. Através da voz é possível transmitir ideais, sentimentos e intenções no ato comunicativo. ” Continuando no arcaísmo de significados, segundo o dicionário, a voz é o som produzido na laringe, pelo ar que sai dos pulmões pela boca. Assim fica claro e evidente (até demais), que a voz é a exteriorização de um sentimento, é a forma verbal da expressão humana. A voz pode assustar, controlar, informar ou até mesmo oprimir... . Com esse pequeno excerto introdutório, eu gostaria de narrar uma experiência que eu tive semana passada no meu trabalho, a convivência em sociedade pode ser horrorosa, mas me permite mapear e criticar as estruturas que oprimem as mulheres, e o atendimento ao público é um prato cheio de situações... Bom, era mais um dia de trabalho fazendo as mesmas coisas, e apareceu um casal com dois filhos para f

REJEITANDO O SILÊNCIO

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🔔ALERTA GATILHO  .   “Escrever é rejeitar o silêncio”.   Hoje eu escolhi acatar as palavras da sábia Chimamanda e resolvi quebrar o meu silêncio produtivo depois de quase um ano e meio sem divagar na minha linha tênue entre a reflexão e a loucura... O vazio produtivo da minha mente nada confiável me deixou angustiada! os meses iam passando e as reflexões de uma mente dantes ativa, foram morrendo aos poucos... um ano e três meses totalizam 15 meses... O sentimento de impotência diante de um compromisso com a minha escrita apossou-se do meu imaginário e me aprisionou em uma caverna por mais de um ano! Precisei de reforços em dose dupla para que hoje a minha mente tivesse a capacidade de ter o próprio livre arbítrio. A seguir vou contar uma história, vou imortalizar as minhas palavras depois da tempestade. As grandes autoras as quais costumo me inspirar criam protagonistas donas de seus próprios destinos e que são capazes de superar obstáculos inimagináveis, porém, como sou uma mer

UMA HISTÓRIA DIFERENTE

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  Quando comecei a ler sobre feminismos e todas as questões que envolvem o “papel” das mulheres na sociedade, o blog Feminismo Livre passou a ser um sonho guardado em um canto secreto da minha vida. Inspirada nas grandes mulheres que sofreram apagamento histórico, comecei a sentir a necessidade de exteriorizar meus pensamentos (adquiridos com muita leitura) e tentar agregar um pouco na vida de outras pessoas, afinal de contas, o feminismo é para todo mundo. Mas com a falta de tempo fui adiando esse sonho e comecei com o Instagram (@ffeminismolivre), uma ferramenta mais “volátil”, mas era uma forma de começar um trabalho complexo e que requer responsabilidade. O Blog Feminismo Livre nasceu em novembro de 2020, e com o tempo disponível que tive na pandemia comecei a me dedicar nas postagens para o blog, e tento nesse pequeno espaço que a web me proporciona, falar um pouco sobre aquilo que acredito e na possibilidade de um mundo melhor para todos, ou seja, uma jovem que luta contra o patr

AURORA- O SUFRÁGIO FEMININO BRASILEIRO

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  O dia 24 de fevereiro de 1932 é um marco importante na luta feminista por direitos constitucionais. O direito de votar e ser votada em uma eleição democrática foi adquirido após a luta de mulheres brasileiras que ousaram questionar a supremacia masculina diante das decisões importantes para o país. Questionar. Persistir. Conhecer e Entender as opressões. Revolucionar. Esses são alguns dos verbos onipresentes na mentalidade das feministas brasileiras, e que graças a elas e os seus esforços, hoje podemos exercer esse direito básico. O que vou narrar a seguir são os reflexos da subalternidade atribuída às mulheres durante os séculos. Se preparem! Porque há 90 anos estamos na luta em busca do sol, e não vamos parar por aí... Imagem: brasilescola.com O número 21.076 nunca foi tão desejado! 21.076 é o número do decreto que garantiu oficialmente o sufrágio feminino brasileiro, no dia 24 de fevereiro de 1932 a palavra “cidadão” deixou de ser um substantivo masculino.  A década de 30 foi um