UM MONTE DE COISAS
“Encontro as vezes na confusão das minhas gavetas, papéis escritos por mim há dez anos, há quinze anos, há mais anos talvez. E muitos deles me parecem de um estranho, desreconheço-me neles.”
(Fernando
Pessoa)
Fernando Pessoa tinha tantas pessoas
dele mesmo que dá uma certa inveja da genialidade de alguém que escreve diferentes
nuances de si mesmo. Eu, uma mortal sobrevivente do século XXI luto para
reconhecer uma mísera parte de mim mesma após anos na rehab, tive uma
fase apocalíptica vivendo a base de ansiolíticos e antidepressivos. Apesar de
ter pouca idade, sofro de um punhado de decepções que se acumulam como um
ateroma na aorta. Imigrante na sazonalidade, fingi que ia escrever todo dia
sobre a minha trajetória, acontecimentos, desabafos e expor tantas outras
coisas como se eu falasse com uma pessoa real. Não sou Anne Frank, mas concordo
com a menina quando diz que o papel tem mais paciência que as pessoas, e
realmente ela tem razão...
Comecei a escrever como uma certa
regularidade, da ponta da caneta saia relatos do cotidiano de uma estudante-trabalhadora-imigrante-brasileira,
que pouco a pouco, o que seria um diário tornou-se o muro das lamentações.
Escrever me libertou de certa forma
da solidão, causada pela distância dos amigos, da família, e do calor da rotina
vivida outrora. Hoje, com quase 30 anos, não consegui me desapegar dos livros e
nem das paixões não vividas, ainda espero pela felicidade, mas não a busco, eu
a espero como uma criança inocente como se em um passe de mágica ela chegasse
no seu devido tempo de acordo com o meu merecimento.
Esse é um texto diferente, menos
agressivo como de costume, sem nenhuma crítica social, livre de
responsabilidades, apenas carregando o fardo de ser eu. É simples e pequeno,
para aqueles que não gostam de ler.
Obrigado por ter chegado até aqui.
- Luana
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