CONTRA A CORRENTE

 Emancipação: Tornar-se independente e desfrutar dos direitos civis, reafirmação da mulher como indivíduo autônomo, independente.

O valor de uma mulher não pode ser refletido na quantidade de vezes que ela transa. Em uma das minhas conversas com meu pai, ele me solta um antigo provérbio conservador: “Mulher tem que se dar valor, não pode sair por aí ficando com um e com outro, homem não gosta de coisa fácil...” Eu juro que se eu não soubesse de toda opressão estrutural que nós sofremos, eu teria concordado com ele, e seguiria à risca, um estilo de vida puritano que o conservadorismo tenta nos impor. Por essa, e outras pérolas do cotidiano, que me tornei feminista.

O feminismo é um projeto político de emancipação e libertação de um grupo historicamente oprimido: nós mulheres. Com a desconstrução crítica, reconhecemos e tentamos nos libertar das “prisões” que o patriarcado decidiu construir. Essas prisões sociais nos limitam e nos impedem de avançar em diversas áreas, seja ela profissional ou amorosa. O patriarcado mantém e sustenta a dominação masculina através das instituições e por meio de discursos, como esse do meu velho pai, que mesmo inconscientemente, propaga o machismo estrutural. “O machismo é o ismo do patriarcado que o feminismo vem perturbar”, palavras da própria Márcia Tiburi, que me ajudou a romper o meu pacto com o patriarcado.

O machismo está em todos os lugares e situações, por exemplo: quando teu parceiro te impede de usar uma roupa, quando você é julgada ao decidir transar no primeiro encontro ou ter vários “parceiros sexuais”, tais coisas ditas repetidamente, tornam-se “verdades” dentro desse sistema, sendo assim, a consagração do machismo como um sistema de crenças, que a superioridade do pensamento masculino é irrefutável torna-se real e, infelizmente, muitas vezes aceitamos sem questionar.

bell hooks disse que o patriarcado só funciona com a cooperação das mulheres, precisamos romper essa relação, precisamos nos libertar diariamente dos dogmas considerados naturais e universais, que nos tornam uma marcação de subjugação: “O Sexo Frágil” ...

Foi por necessidade que decidi ir contra a corrente, foi pela necessidade de ir em busca da minha libertação pessoal e política, e isso está em mim mesmo antes de me assumir “mulher”. É preciso reconhecer a perversidade do nosso silenciamento, não precisamos seguir o destino das nossas avós, aquelas que não tiveram a oportunidade de enxergar, seja por medo ou comodidade, o dano causado pelo totalitarismo do patriarcado.

Texto: Luana


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