REJEITANDO O SILÊNCIO
🔔ALERTA GATILHO
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“Escrever é rejeitar o silêncio”. Hoje eu escolhi acatar as palavras da sábia Chimamanda e resolvi quebrar o meu silêncio produtivo depois de quase um ano e meio sem divagar na minha linha tênue entre a reflexão e a loucura...
O vazio produtivo da minha mente
nada confiável me deixou angustiada! os meses iam passando e as reflexões de
uma mente dantes ativa, foram morrendo aos poucos... um ano e três meses
totalizam 15 meses...
O sentimento de impotência diante de
um compromisso com a minha escrita apossou-se do meu imaginário e me aprisionou
em uma caverna por mais de um ano! Precisei de reforços em dose dupla para que
hoje a minha mente tivesse a capacidade de ter o próprio livre arbítrio. A
seguir vou contar uma história, vou imortalizar as minhas palavras depois da
tempestade.
As grandes autoras as quais costumo
me inspirar criam protagonistas donas de seus próprios destinos e que são capazes
de superar obstáculos inimagináveis, porém, como sou uma mera mortal não vos
vou apresentar uma grande protagonista de uma grande história, isso é apenas eu.
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Foto do meu acervo pessoal. |
“...a minha vontade hoje era de
tomar todas as doses de Rivotril. Mas não quero uma morte lenta, de lento já
basta um sofrimento...” 22 de maio de 2022.
Era difícil escrever nesse estado, a
maioria das pessoas que passam por processos depressivos (pelo menos a minha
experiência foi assim) preferem recolher-se a sua própria insignificância. Ao
sofrerem caladas, em estado de transe, as pessoas depressivas entram em cavernas
e perdem a coragem de olharem o seu próprio reflexo. A minha criatividade,
vitalidade, o tesão pela vida foram desaparecendo, os vazios foram tornando-se
mais presentes e o fundo do poço foi ficando mais perto do buraco negro da existência!
Se não fosse pela compaixão de pessoas próximas (amigos) seria impossível
enxergar o meu potencial de subir os degraus do poço que aprisionava a minha
mente e o meu corpo!
As grandes autoras usam de suas
dores e desamores para expressar a nobreza das suas almas e encantar o
imaginário daqueles que passam pelo mesmo processo, eu ainda sou uma aprendiz
nesse quesito...
Me custou escrever sobre isso, é
doloroso olhar para os anos que se passaram e perceber o que restou daquela
pessoa que passou por tantos traumas emocionais. Pouco se fala da fragilidade psicológica
de mulheres pensantes, pouco se fala da solidão que carregamos quando ousamos
ser diferentes, pouco se fala das consequências de falar e expressar aquilo que
se pensa e o quanto isso afeta o caminho de nossas vidas, os amores não
correspondidos, as pequenas violências do cotidiano e a luta constante de
sermos reconhecidas como pessoas também dignas de afeto.
Nesse aspecto lembro de Frida Kahlo,
hoje considerada um ícone pop feminista, estigmatizada pelas mídias como uma
mulher que traia o marido e que tinha uma vida profana diante dos olhares mais
conservadores, o que ninguém sabe (ou finge não saber) é que durante muitos
anos Frida se sujeitava à pequenas humilhações de seu companheiro, traições,
falsas promessas, perdas, a dificuldade em ter consciência da sua capacidade
como artista! Antes de escrever que era a sua própria musa, Frida também
escreveu sobre as suas inseguranças com seu corpo deficiente e as suas infelicidades
na vida conjugal.
Somos frágeis e isso é indubitável, é
preciso garantir a consciência disso para que a superação de obstáculos não
seja um fardo eterno. Tive que me submeter a doses de terapia e infindáveis
caixas de remédios para entender que é possível continuar viva e morta por
dentro, e que a recuperação deste estado de espírito é possível, apesar da
longa jornada.
A cada pílula tomada é uma dor a ser
superada, é a eliminação gradativa do martírio das emoções reprimidas, é o
despertar de uma nova mente para novas descobertas, é a coragem de se reerguer
diante da complexidade, e hoje, nesse exato momento em que escrevo abro novas
oportunidades de vivências dantes inibidas pelo meu complexo sistema nervoso
deficiente, hoje eu abro minha mente e meu coração à todas as pessoas que
gostam dos meus escritos e das minhas reflexões, hoje eu quero resgatar o meu
Ori, quero resgatar as minhas inspirações e projetos que foram deixados para trás,
hoje eu não quero ter medo de viver e sofrer as consequências das minhas
escolhas, a vida é uma grande caminhada e a minha ainda está começando.
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Obrigada por ter chegado até aqui.
Se tiver um tempinho, tem outras coisas escritas neste singelo blog, sinta-se à vontade!
Instagram: @ffeminismolivre
❤️
ResponderExcluirTexto maravilhoso e emocionante, amiga. Que você não pare, continue a nos presentear com a sua escrita, que é tão relevante, importante e motivadora. Obrigada pelo compartilhamento, você é uma força gigante.
ResponderExcluirFico contente por estares de volta à escrita. Muito mais saudável que o Rivotril mas, acima de tudo, muito mais bonito. Obrigado pela partilha.
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