AURORA- O SUFRÁGIO FEMININO BRASILEIRO
O dia 24 de fevereiro de 1932 é um marco importante na luta feminista por direitos constitucionais. O direito de votar e ser votada em uma eleição democrática foi adquirido após a luta de mulheres brasileiras que ousaram questionar a supremacia masculina diante das decisões importantes para o país. Questionar. Persistir. Conhecer e Entender as opressões. Revolucionar. Esses são alguns dos verbos onipresentes na mentalidade das feministas brasileiras, e que graças a elas e os seus esforços, hoje podemos exercer esse direito básico. O que vou narrar a seguir são os reflexos da subalternidade atribuída às mulheres durante os séculos. Se preparem! Porque há 90 anos estamos na luta em busca do sol, e não vamos parar por aí...
O número 21.076 nunca foi tão desejado! 21.076 é o número do decreto que garantiu oficialmente o sufrágio feminino brasileiro, no dia 24 de fevereiro de 1932 a palavra “cidadão” deixou de ser um substantivo masculino.
A década de 30 foi um período conturbado na história do Brasil República, a Revolução de 30 liderada por alguns estados do país, ocasionou o “fim” da república do “café com leite” e a implementação de um governo provisório, consequentemente, novos projetos que movimentariam os estamentos da sociedade da época foram traçados, dentre eles a criação da Justiça Eleitoral e a instituição do voto secreto, e foi no Governo Provisório de Getúlio Vargas que a instituição do voto feminino foi consolidado.
Finalmente as mulheres poderiam, pela
primeira vez, votar e serem votadas no país. A nova constituinte que entrou em
vigor em 1933, é um documento histórico que deve ser celebrado ano após ano,
como símbolo da conquista das sufragistas brasileiras, e do reconhecimento de
que nós mulheres, podemos SIM, pensar criticamente a respeito de decisões
políticas.
O pontapé das nossas pioneiras nos
trouxe alegrias e certa representatividade nos espaços de poder, também é
importante entendermos que a presença de mulheres na política nos ajudará na
destruição das estruturas que nos oprimem, com a apresentação de projetos de
inclusão, igualdade salarial, no combate pelo fim da violência de gênero em
todos os âmbitos, além de sustentar esse direito democrático de ocuparmos esses
espaços que nos foi negado durante tanto tempo!
Mas como nada na nossa história foi conquistado
de forma tranquila, ainda enfrentamos uma série de problemas que interferem na equidade
e permanência da presença feminina na política brasileira. Um estudo divulgado
na CNN Brasil mostra que o país ocupa a 142º posição, entre 192 países, no
Ranking de participação política de mulheres, além disso, o estudo ainda
apontou que as mulheres brasileiras ocupam apenas 15% das cadeiras na Câmara
dos Deputados, e 12,4% no Senado Federal. Apesar das estatísticas mostrarem que
somos a maioria da população brasileira, a nossa representatividade na política
ainda merece evoluir!
A violência de gênero na política é
outro embate que precisamos estar atentas! Esse tipo de violência é caracterizado
como todo e qualquer ato que tem como objetivo excluir a mulher dos espaços
políticos, seja por meio de Fake News ou em até casos extremos como a
importunação sexual no local de trabalho.
“Eu fui assediada, eu fui apalpada na lateral do meu corpo pelo deputado Fernando Cury, do partido Cidadania. E eu vou entrar com um boletim de ocorrência e com uma representação. O que dá direito a alguém a encostar em uma parte íntima do meu corpo? O meu peito é íntimo. É o meu corpo. Eu estou pedindo pelo direito de ficar de pé e falar com o presidente da Assembleia Legislativa sem ser assediada. Eu sou uma deputada eleita com 53 mil votos, luto pelo direito das mulheres, luto contra o assédio. Só pelo fato de eu existir, eu mereço respeito. Eu tenho o direito de estar aqui sem ser apalpada” - Isa Penna.
Apesar dos contrastes dessa grande conquista, não posso deixar de lembrar de Dilma Vana Rousseff, a primeira mulher eleita presidente do Brasil! Em 2010, 70 anos depois, 7 décadas depois, FINALMENTE, tivemos o privilégio de VOTAR e VER uma mulher subindo a rampa do palácio do planalto para ocupar o mais alto cargo político de um país republicano.
A nossa caminhada está apenas começando, são apenas 90 anos que nos separam do abismo da exclusão, ainda há muito para enfrentar e conquistar, afinal de contas, em um mundo dominado pelo patriarcado, nós mulheres precisamos gritar para sermos ouvidas. Agradeço à todas as mulheres que vieram antes de mim e que me deram o privilégio de votar na primeira presidente do meu país.
“recusar à mulher igualdade de direitos em virtude do sexo
é denegar justiça à metade da população.”
Bertha Maria Júlia Lutz, feminista, bióloga, educadora e
sufragista. Foi uma das criadoras da Liga para a Emancipação Intelectual da
Mulher, entidade que liderava a luta pelo voto feminino no Brasil. Bertha atuou
no ambiente político machista e hostil da sua época, lutou por igualdade
salarial, licença maternidade e redução da jornada de trabalho. Viva Bertha
Lutz e sua mente revolucionária!
ALZIRA SORIANO
Luiza Alzira Teixeira Soriano foi a primeira mulher eleita para um cargo público na história da América latina. Ao lado de Bertha Lutz, Alzira Soriano lutou pela ocupação da mulher na política, foi eleita prefeita de Lajes no estado do Rio Grande do Norte, com 60% dos votos válidos. Foi taxada de “mulher pública” e “prostituta”.
CELINA GUIMARÃES
Celina Guimarães Viana, a primeira mulher a votar no Brasil
ANTONIETA DE BARROS
Primeira mulher negra a assumir um mandato popular, sendo a
pioneira no combate à discriminação dos negros e das mulheres.
LEOLINDA DALTRO
Leolinda Figueiredo Daltro, professora e sufragista, fundou
o Partido Republicano Feminino. Era chamada de “mulher do diabo” por organizar
passeatas exigindo o direito ao sufrágio.
- Ainda chegaremos lá!
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Texto: Luana
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