A ESTACA MOR DO PATRIARCADO

 Entre minhas inúmeras desconstruções desde que comecei a ler um pouco sobre feminismo, e passar de uma mera assistente do diabo para a própria diaba, como dizem os cristãos, comecei a refletir sobre a masturbação e o poder que certos dogmas religiosos exercem sobre nosso corpo e a maneira que olhamos para ele.

Desde muito jovem, sempre tive curiosidade acerca do corpo feminino, mas ao mesmo tempo, era enclausurada na religiosidade forçada de uma família cristã, onde era proibido ter curiosidade. Apesar disso, sempre procurei meios para me camuflar entre essa teia religiosa, que pregava que tocar no meu próprio corpo era pecaminoso. Essa linha tênue entre seguir cegamente certos dogmas e promover a minha autodepreciação começaria a ser quebrada em mim quando descobri o poder do meu corpo e o que eu podia proporcionar a ele!

Nós mulheres sofremos essa automutilação inconsciente... “Masturbação é pecado! Cuidado! O fogo do inferno vos espera! Isso não deve ser feito antes do casamento! Não pode fazer isso ou aquilo!” Não se enganem, essas são meras expressões castradoras, que com um bom tom repreensivo, nos leva a ter ódio daquilo que carregamos entre nossas pernas. Já se perguntaram porque certos dogmas nunca são voltados aos homens? Porque para eles tudo é permitido e sempre há exceções? Porque nas escrituras sagradas a mulher é sempre a cobra peçonhenta ou a sedutora que leva os homens a ruína? Porque somos apedrejadas? Estupradas? Vendidas? Que história contada é essa em que somos as protagonistas de todas as sevícias e misérias? Esse é um exercício reflexivo que devemos fazer todos os dias, se quisermos sobreviver ao patriarcado que é estruturado pela religião.

Eu costumo dizer que a religião é uma das estacas do patriarcado, que ao invés de furar o coração de um vampiro qualquer, fura a nossa mente e espalha toda massa cinzenta de consciência e nos induz à imbecilidade e passamos a acreditar em tudo aquilo que nos é falado, sem o direito de contestar. E foi com essa autoridade estrutural do patriarcado que me disseram: “a masturbação vai te levar para o inferno Luana!”, e eu disse: “então, é para lá que eu vou...”

Lembrem-se: um dos objetivos principais dessas estruturas que nos oprimem, é controlar nossa sexualidade, nosso prazer e autonomia sobre nosso próprio corpo, isso não é bobagem! Controle nunca foi bobagem, ter nojo daquilo que é seu nunca foi bobagem, e ter medo de ter prazer não é bobagem! Reflitam.

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Texto: Luana

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#autonomia 

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