EU DECIDO!

 “Não há nada mais absurdo para o patriarcado do que o direito ao corpo” -Márcia Tiburi

Nos últimos dias veio a público a possibilidade de votar o projeto de Lei 5435/2020, cuja autoria é do Senador Eduardo Girão do PODEMOS-CE. Esse PL é mais uma tentativa descarada das instituições governamentais em domesticar o nosso corpo, interferindo nos nossos desejos individuais em levar adiante, ou não, uma gravidez.

O que diz o Projeto de Lei?  “Dispõe sobre a proteção da gestante e põe a salvo a vida da criança por nascer desde a concepção. Cria auxílio para o filho de mulher vítima de estupro”, além disso, esse projeto tenta garantir uma remuneração equivalente a um salário mínimo para auxiliar no sustento da criança gerada através de uma gravidez indesejada. Essa tentativa infame de tentar comprar o livre arbítrio feminino foi apelidada de “bolsa estupro”. Várias ativistas, mulheres e meninas feministas, foram para as redes sociais protestarem contra essa crueldade sem tamanho, a “tag” #GravidezForçadaÉTortura foram um dos assuntos mais comentados do twitter nos últimos dias.

A mediocridade masculina já não me assusta. Na nossa sociedade, a maioria dos homens que estão no poder, possuem a sanha da perpetuação da nossa subalternidade, seja através de leis ou discursos que fomentam o machismo estrutural, uma verdadeira afronta ao projeto político que nós almejamos, chamado: feminismo. No patriarcado, o nosso destino é o da violência, e os dados sempre confirmam essa frase. No 13º anuário brasileiro de segurança pública, divulgado em setembro de 2018, registrou recorde de violência sexual. Foram 66 mil vítimas de estupro no Brasil. Em dados mais recentes do anuário, mostram que 181 estupros são registrados por dia no país. E com um terrível agravante: 57.9% das vítimas de estupro no Brasil tinham no máximo 13 anos de idade. São essas crianças que serão obrigadas a terem filhos dos seus próprios violadores, que em sua maioria, são do convívio da própria vítima.

O estupro é um atentado à nossa liberdade e dignidade, é uma herança patriarcal perpetuada durante séculos, o estupro é a apropriação do nosso corpo que nos leva ao constrangimento e humilhação. Projetos de leis como esses mostram a ineficácia do estado em nos proteger. É mais fácil gerar o fruto de um estupro do que questionar as estruturas causadoras desse problema que nos assombra todos os dias. Nos obrigar a parir e encarar o fardo da violência que sofremos é uma crueldade que faz parte desse projeto político machista e misógino que perpetua o patriarcado.

O estupro gera um impacto catastrófico na vida da vítima, quem não se compadece e não luta contra essa espécie de dominação, é cúmplice e indigno de conviver em sociedade. Precisamos despatriarcalizar nossas instituições, pois o medo de virar estatística e o medo do desemparo já fazem parte do nosso cotidiano.

O feminismo é o único projeto que precisamos para ontem! Os que fogem do feminismo, tem medo de quê?

#GravidezForçadaÉTortura

Texto: Luana



Fonte das pesquisas citadas: www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/145760 - observatorio3setor.org.br/noticias/mulheres-em-perigo-brasil-registra-181-estupros-por-

                                            

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